Estresse do cuidador – saiba identificar e como evitar!
Cuidar de uma pessoa é engrandecedor e gratificante. Ao mesmo tempo, exige tempo e muita paciência, além de acarretar várias mudanças na rotina.
Seja um familiar, seja um profissional, os cuidadores acabam sendo os responsáveis por toda a rotina de uma pessoa incapacitada, como higiene pessoal completa, agendar e levar ao médico, controle de medicações, preparar a comida e alimentar, ajudar na locomoção, administrar gastos e finanças, lidar com as questões emocionais do paciente, e ainda dar atenção a cada detalhe.
O cuidador familiar
No caso de um cuidador que seja da família, tudo isso acontece dentro de uma nova realidade que eles também estão precisando assimilar: a troca de papéis. E é uma troca diferente com relação a se cuidar de uma criança, pois, ao final dos cuidados, não há perspectiva de cura ou evolução e ainda há a possibilidade de perder a pessoa.
Essa situação envolve muita dedicação por longos anos, causando um desgaste físico e mental ao cuidador. É comum que desenvolvam uma condição conhecida como Estresse do Cuidador ou Síndrome do Cuidador, ou seja, uma intensa tensão emocional decorrente do cuidado.
Como surge o estresse do cuidador?
Muitos cuidadores deixam de realizar suas atividades do dia a dia como trabalhar, não se alimentam corretamente, dormir pouco e passar por muito estresse para cuidar de um ente querido que está impossibilitado.
O estresse é ainda mais intenso nos casos que envolve uma “mudança de endereço”, quando familiares precisam voltar a morar juntos e ter uma rotina de convivência após anos morando separados.
Segundo a Faculdade de Medicina da USP, estima-se que 30% dos idosos tenham algum grau de dependência. Concluiu-se que homens e mulheres responsáveis pelo cuidado prolongado de parentes apresentam taxas mais altas de doenças, pela resposta imunológica suprimida.
A situação se intensifica quando o paciente possui algum tipo de demência, pois podem ficar agressivos, teimosos, repetitivos ou infantilizados. Os cuidadores ficam mais suscetíveis a problemas de saúde como dores no corpo, depressão e ansiedade. Também se sentem sozinhos, desprotegidos, com insônia, apresentam perda ou excesso de apetite e, em alguns casos, forte depressão. Apresentam esgotamento físico e mental, descuidam da aparência e nunca têm tempo para si. Muitas vezes não reconhecem os sintomas de alerta do estresse do cuidados. A maioria acha que essa situação é algo normal, provisório, não procura ajuda e acaba sofrendo calado.
É muito importante ficar atento aos sinais como irritação, frustração, tristeza, esgotamento e falta de perspectiva. Sem ajuda profissional e de pessoas próximas, é difícil passar por esta fase. Geralmente, o diagnóstico é realizado de forma indireta pelo geriatra ou médico que atende o idoso ou doente.
Confira alguns sinais que merecem atenção
São muitas as consequências relacionadas ao estresse do cuidador:
- Ansiedade e/ou depressão;
- Perder o contato com amigos;
- Estar sempre exausto;
- Irritação frequente;
- Discutir facilmente com familiares próximos;
- Falta de energia e vigor físico;
- Negligenciar a própria saúde;
- Dores no corpo;
- Sentir culpa quando está longe;
- Ficar sempre preocupado e com pensamentos negativos;
- Falta de concentração;
- Dores frequentes de cabeça ou estômago;
- Imunidade baixa;
- Falta de tempo para o lazer.
É uma rotina muito estressante pois o cuidador fica na constante expectativa de que algo vai acontecer com o paciente, o que potencializa todos os sintomas.
O que pode ser feito para diminuir os impactos do estresse do cuidador?
Algumas atitudes no dia a dia diminuem os impactos emocionais e físicos do cuidador.
Rotina real, sem idealizações
O primeiro passo é estabelecer uma rotina de cuidados reais, que se resume a fazer o que é necessário, sem buscar a constante perfeição. É fundamental dividir as tarefas e admitir que precisa de ajuda para dar apoio à pessoa assistida.
Saúde em dia
É muito importante cuidar da própria saúde, mantendo os exames de rotina em dia e, em caso de doenças, administrar os medicamentos e tratamentos corretamente.
Apoio psicológico
Acompanhamento psicológico é fundamental nesta fase. Hoje em dia a maioria dos profissionais já atendem de forma remota, o que facilita a vida daqueles que não podem se ausentar de casa por longos períodos.
Grupos de apoio também são ótimos aliados para desabafar e desenvolver o hábito de pedir ajuda e aceitar ser cuidado também. Sem contar que pessoas que estão passando pela mesma situação são ótimas para compartilhar sentimentos e ideias.
Um tempo para você
Outra questão muito importante e muitas vezes negligenciada é dedicar tempo para o lazer e evitar o isolamento. É fundamental manter relacionamentos com outras pessoas, não apenas com quem é assistido.
Geralmente, os cuidadores passam longas horas cuidando do outro e esquecem que precisam de pausas ou de realizar atividades que tragam prazer como leitura ou assistir um filme, fazer exercícios físicos, falar de novos assuntos, etc.
Esse desgaste emocional prejudica a relação interpessoal entre cuidador familiar e idoso assistido, muitas vezes gerando sentimentos contraditórios. A impaciência e a intolerância tendem a crescer se não forem cuidadas com atenção.
Reconheça o seu limite
Em alguns momentos, o cuidador percebe que está no seu limite. Muitos sentem uma depressão intensa e/ou mudam de comportamento, ficando mais irritados ou propensos a agressões ou desrespeito ao idoso ou pessoa doente. E sempre seguido de muita culpa.
É normal que o cuidador perca a capacidade de lidar com essa situação. E, além de tratamento, é necessário averiguar a possibilidade de contratar serviço especializado. É uma alternativa para melhorar a qualidade do cuidado e garantir um atendimento profissional, que possa proporcionar conforto e segurança, com foco na atenção aos detalhes.
Um cuidador profissional está apto a realizar atividades que “pesam” no dia a dia familiar, como dar banho, vestir, trocar fraldas, manusear corretamente uma cadeira de rodas ou maca, lidar com teimosias e ainda ter tempo para entreter e atender as necessidades do assistido.
É muito importante cuidar de quem cuida.
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