Evitando infantilização: como tratar o idoso com respeito e autonomia
Envelhecer não significa voltar à infância. No entanto, muitos idosos ainda são tratados como se tivessem perdido a capacidade de decidir por si mesmos. A infantilização é um comportamento comum, muitas vezes inconsciente, que retira da pessoa idosa sua autonomia e dignidade. E isso pode afetar profundamente sua autoestima, saúde emocional e até física.
Mas afinal, como evitar esse erro e oferecer um cuidado que respeite a história, a individualidade e o protagonismo de quem envelhece?
O que é infantilização na terceira idade?
A infantilização ocorre quando tratamos uma pessoa idosa como se ela fosse incapaz, frágil ou dependente em excesso, mesmo quando isso não condiz com sua realidade. Pode aparecer de forma sutil:
- Falar com voz infantilizada, como se fosse uma criança
- Tomar decisões por ela sem consultar sua opinião
- Substituir a autonomia por “ajuda” desnecessária
- Evitar conversas sérias como se ela “não fosse entender”
Esse tipo de atitude, mesmo que venha com boas intenções, comunica desrespeito. E pode gerar frustração, insegurança, isolamento e até resistência aos cuidados de verdade.
Se, por exemplo, um idoso apresenta limitações físicas, é essencial saber até onde ele pode agir sozinho. Nesse sentido, entender os desafios e os cuidados com problemas comuns como os de coluna pode ajudar a calibrar o apoio sem tirar sua autonomia.
O respeito começa com a escuta
Respeitar a pessoa idosa é, antes de tudo, ouvi-la. É perguntar como ela prefere ser cuidada, com que roupas se sente bem, o que gostaria de comer, que rotina prefere seguir.
A escuta ativa é o ponto de partida para um cuidado ético, humano e centrado na pessoa. Quando incluímos o idoso nas decisões do seu dia a dia, estamos dizendo: “sua opinião importa, sua experiência é valorizada”.
E essa escuta não precisa acontecer só no ambiente familiar. Ela se amplia também no convívio social. Manter o idoso inserido em círculos de afeto e diálogo fortalece sua autonomia e sua autoestima. A vida social ativa na terceira idade é uma grande aliada do respeito.
Incentivar a autonomia faz parte do cuidado
Sempre que possível, o idoso deve ser incentivado a manter sua autonomia. Isso inclui:
- Participar de tarefas simples do dia a dia
- Escolher suas roupas, programas e refeições
- Administrar seus próprios horários
- Ser envolvido em decisões familiares
Mesmo quando há limitações físicas ou cognitivas, é possível adaptar atividades para que ele siga exercendo algum controle sobre sua rotina, com apoio, não substituição.
Cuidadores e familiares podem contar com ajuda especializada para isso. A fisioterapia, por exemplo, é uma grande aliada na manutenção da autonomia na terceira idade, mesmo em situações de fragilidade.
Linguagem e postura importam
A forma como nos dirigimos à pessoa idosa diz muito. Evite:
- Diminutivos como “bonitinho”, “fofinha”, “vovozinho”
- Expressões como “deixa que eu faço pra você” sem necessidade
- Interromper falas ou desconsiderar opiniões
Prefira uma comunicação clara, direta e gentil, com o mesmo respeito que você gostaria de receber.
O papel do cuidador e da família
Família e cuidadores devem caminhar lado a lado com o idoso, nunca à frente ou por cima. Isso inclui decisões importantes do cotidiano, como o retorno à rotina após as férias e o momento certo de contar com um cuidador, que precisam ser construídas com diálogo e respeito. Até mesmo questões simples, como a rotina do sono na terceira idade, podem e devem ser ajustadas em parceria com ele.
Esse cuidado compartilhado também envolve afeto, convivência e presença. Relações familiares de troca e respeito, como as que envolvem netos e avós, podem ter um papel decisivo na saúde emocional e no fortalecimento da identidade. O vínculo entre netos e idosos é uma dessas pontes intergeracionais que resistem ao tempo.
Respeitar é o primeiro passo do cuidado
Evitar a infantilização é um gesto de amor. É reconhecer que o idoso não perdeu sua identidade com o tempo, ele a fortaleceu. Respeitar sua autonomia é cuidar de forma digna, ética e afetiva.
Na Mão do Amor, esse é um compromisso que levamos a sério todos os dias. Cuidar com empatia, escuta e respeito é o que nos move.
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