A saúde do coração na terceira idade
As doenças cardiovasculares em idosos representam um dos maiores desafios de saúde pública. Em 2022, elas foram responsáveis por cerca de 400 mil mortes no Brasil, o equivalente a aproximadamente 30 % de todos os óbitos no país, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Embora esse número considere todas as faixas etárias, ele é especialmente preocupante com o avanço da idade, já que essa fase concentra a maior parte dessas mortes devido às mudanças naturais no coração e nos vasos sanguíneos. Cuidar da saúde do coração na terceira idade exige atenção integral, combinando acompanhamento médico especializado e hábitos de vida saudáveis.
O que muda no coração com o envelhecimento
Com o passar dos anos, o coração e os vasos sanguíneos passam por transformações naturais que afetam diretamente a forma como o corpo funciona. Entre as principais mudanças estão:
- Maior rigidez das paredes do coração: dificulta o enchimento e o bombeamento de sangue, podendo causar falta de ar, fadiga e menor resistência para atividades simples, como subir escadas ou caminhar distâncias curtas.
- Menor eficiência das válvulas cardíacas: pode levar ao acúmulo de líquido nos pulmões ou nas pernas, causando inchaço e sensação de peso nos membros inferiores.
- Redução da elasticidade dos vasos sanguíneos: dificulta o fluxo sanguíneo e sobrecarrega o coração, aumentando o risco de pressão alta e tonturas ao mudar de posição rapidamente.
- Aumento da pressão arterial em repouso: força o coração a trabalhar mais, elevando o risco de hipertrofia cardíaca, dores no peito e até acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Essas alterações impactam nossa autonomia e qualidade de vida ao longo da vida, tornando essencial a avaliação periódica e o ajuste de hábitos para minimizar sintomas e prevenir complicações graves.
Doenças mais comuns na terceira idade
Além das alterações naturais do envelhecimento, algumas doenças do coração mais comuns em idosos merecem atenção especial:
- Hipertensão arterial
Mais de 60% dos brasileiros com 65 anos ou mais apresentam diagnóstico de hipertensão, de acordo com o Ministério da Saúde. É um dos principais fatores de risco para infarto, AVC e insuficiência cardíaca. - Acidente vascular cerebral (AVC)
A maioria dos casos de AVC ocorre em pessoas acima de 65 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. O problema está frequentemente relacionado ao controle inadequado da pressão arterial e a outras condições cardíacas. - Doença cardíaca isquêmica
É a principal causa de morte por doenças cardiovasculares no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Seu risco aumenta significativamente com a idade, especialmente em pessoas com hipertensão, colesterol alto ou diabetes.
Hábitos que fortalecem o coração
A saúde do coração não é resultado de um único cuidado. Ela é uma construção, feita ao longo do tempo, com escolhas que envolvem o corpo, a mente e as relações. Quanto antes essa construção começa, melhor, mas nunca é tarde para iniciar esse processo.
Pensando na saúde como uma construção, alguns pilares merecem atenção especial para que nosso coração se mantenha forte e saudável ao longo da vida. Eles não precisam ser aplicados todos de uma vez, pequenas mudanças já fazem diferença. Essas dicas são essenciais para quem quer saber como prevenir doenças do coração na velhice.
Movimento no dia a dia
Não precisa ser academia ou treino pesado. Caminhar até a padaria, cuidar do jardim, dançar ao som de uma música antiga, varrer a varanda ou subir alguns degraus já ajudam a manter nosso coração ativo e a circulação em dia. E para quem busca formas seguras e eficazes de se movimentar, a fisioterapia para idosos pode ser uma grande aliada na preservação da mobilidade e da independência.
Alimentação que nutre
Frutas, verduras, legumes, grãos integrais e menos sal e gorduras saturadas. Comer bem não é só questão de saúde física, mas também de prazer: cozinhar, experimentar novos sabores, compartilhar uma refeição com alguém querido.
Afeto como remédio invisível
Abraços, conversas, risadas… O contato humano reduz o estresse, libera hormônios do bem-estar e fortalece nosso coração de dentro para fora. O carinho recebido e dado é um dos melhores “tratamentos” para viver mais e melhor.
Autonomia que dá força
Poder fazer escolhas e participar das decisões da própria vida mantém a autoestima e dá mais sentido ao dia a dia. Pequenas ações, como organizar a casa ou planejar uma saída, são exercícios para o corpo e para a alma. Se a rotina estiver mais difícil de administrar, vale considerar apoio profissional, como abordado no post “A volta à rotina dos idosos com o fim das férias: chegou a hora de considerar um cuidador?”.
Vida social ativa
Sair de casa, conhecer pessoas, participar de grupos ou eventos na comunidade são formas de manter nossa mente ativa e nosso coração protegido. As trocas e experiências vividas em cada encontro são estímulos preciosos para a saúde emocional e física, como mostramos no artigo “Por que manter uma vida social ativa faz bem na terceira idade?”.
Alegria e propósito
Ter algo para esperar e viver, como um reencontro, um passeio ou um hobby, ajuda a manter nosso coração mais estável e protegido contra o estresse. Propósito é combustível para o corpo e para a alma.
Manutenção de um peso saudável
Cuidar do peso na terceira idade não é buscar um corpo perfeito. Mudanças físicas são naturais, mas o excesso, especialmente na região abdominal, pode sobrecarregar nosso coração e aumentar o risco de pressão alta, diabetes e colesterol elevado. O objetivo é manter um peso que favoreça a disposição e a saúde cardiovascular, com alimentação equilibrada, atividade física regular e acompanhamento profissional.
Construção diária
A prevenção de problemas cardíacos na fase mais avançada da vida não se mantém sozinha. Ela precisa ser cuidada todos os dias, com atenção às pequenas escolhas que, somadas, fazem grande diferença.
Não importa a idade, sempre é possível começar, e cada passo dado na direção certa traz mais fôlego, energia e autonomia para viver bem.
Cuidar com atenção e carinho
Na Mão do Amor, entendemos que a saúde vai muito além do físico. O cuidado com nosso coração envolve corpo, mente e relações sociais. Nosso compromisso é oferecer apoio integral, estimulando hábitos saudáveis e fortalecendo vínculos que fazem bem para a saúde emocional e física.
E sim: procurar um cardiologista e um geriatra para acompanhamento regular é parte importante desse cuidado, mas eles são apenas alguns dos pilares de uma vida com mais saúde e autonomia.
Manter o coração saudável é resultado de atenção, constância e bons hábitos ao longo do tempo.
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