Setembro Amarelo: abordando o suicídio entre idosos no Brasil

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Atualizado em 6 de novembro de 2023.

À medida que a sociedade evolui e a expectativa de vida aumenta, as questões relacionadas à saúde mental dos idosos tornam-se cada vez mais importantes. Um dos problemas alarmantes que afetam essa população é o suicídio entre idosos. Um tema tabu que é negligenciado, mas que merece nossa atenção, não só durante o Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio.

A realidade alarmante do suicídio entre idosos no mundo e no Brasil

Dados globais apontam que, em muitos países, as taxas de suicídio são mais altas entre idosos do que em qualquer outra faixa etária.

Nos EUA, por exemplo, os idosos têm a taxa de suicídio mais alta de qualquer grupo demográfico, com cerca de 19,2 por 100.000 pessoas.

No Brasil, embora subnotificado, o problema apresenta-se um pouco menos grave.

Os números no Brasil e a subnotificação

No Brasil, as taxas de suicídio entre idosos têm aumentado nos últimos anos. De acordo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio entre pessoas com 60 anos ou mais foi de 7,8 por 100.000 habitantes em 2019.

Esse é um número 47% mais alto do que o da população geral, que é de 5,3 por 100.000 brasileiros. Vale notar que o número aumenta quanto mais velho a pessoa é, chegando a 8,4/100.000 na faixa dos 80+.

O suicídio entre idosos ainda é subnotificado no Brasil devido a estigma, falta de conscientização e dificuldades em identificar corretamente as causas de morte, o que sugere que os números reais podem ser ainda mais altos do que os relatados.

Homens idosos têm taxas de suicídio mais altas do que mulheres idosas no Brasil. A faixa etária de maior risco varia, mas há um aumento notável nas taxas a partir dos 70 anos, com 14,8/100.000 homens nessa faixa.

As mulheres, conhecidamente mais cuidadosas com a saúde física e mental, apresentam números muito mais baixos não chegando a 2,6 casos por 100.000 brasileiros.

Fatores de risco

É um equívoco comum pensar que os idosos vivem em tranquilidade. A realidade é que muitos deles enfrentam desafios emocionais imensos, como a solidão após a perda de entes queridos, problemas de saúde debilitantes, falta de perspectiva e solidão.

Depressão e ansiedade: Estudos indicam que a depressão é uma das principais condições associadas ao suicídio entre idosos brasileiros, sendo importante a identificação precoce e o tratamento adequado.

Isolamento social: A solidão e a falta de conexões sociais são preocupantes no Brasil, especialmente para idosos em áreas rurais ou em situações de vulnerabilidade social.

Doenças crônicas: A alta prevalência de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, entre idosos brasileiros pode impactar negativamente a saúde mental.

Acesso a meios letais: O acesso a meios letais, como armas de fogo, pode aumentar a probabilidade de suicídio no Brasil, onde a posse de armas é relativamente comum. Isso é especialmente verdade entre os homens.

Consumo de drogas e álcool: Outro tabu, o abuso de drogas e álcool favorece os números altos, mais uma vez entre os homens.

Sentimentos de falta de propósito: A aposentadoria é um fato que mexe muito com a autoestima de todos nós. Sentimentos errôneos de “falta de utilidade” impactam muito, por isso é muito importante continuar ativo, sendo participando ativamente da vida familiar, praticando um novo hobbie ou melhor ainda, trabalhar voluntariamente em uma atividade que sempre desejou.

Prevenção e conscientização

É essencial abordar o suicídio entre idosos no Brasil de maneira eficaz, levando em consideração esses dados:

Conscientização: Muitas pessoas têm medo de discutir o suicídio devido a estigmas associados à saúde mental. A conscientização envolve desafiar esses estigmas e promover a empatia e a compreensão em relação às pessoas que sofrem.

Educação: Informar as pessoas sobre os fatores de risco, sinais de alerta e como buscar ajuda é crucial. Isso pode ser feito por meio de campanhas educacionais, recursos online, palestras e treinamento de profissionais de saúde.

Identificação precoce: Profissionais de saúde e familiares devem estar atentos a sinais de depressão e outros problemas de saúde mental.

Apoio emocional: Oferecer apoio emocional e social aos idosos no Brasil pode ajudar a reduzir o isolamento e a solidão.

Acesso a cuidados de saúde mental: Garantir que os idosos tenham acesso a tratamento adequado para problemas de saúde mental é fundamental.

Controle de acesso a meios letais: Discussões sobre o controle de armas e medidas de segurança podem ser particularmente relevantes no contexto brasileiro. Pesticidas e controle rígido de medicações são essenciais.

A construção da saúde mental e o suicídio

O suicídio entre idosos no Brasil é uma questão séria e preocupante, como evidenciado pelos números alarmantes de casos e pelo aumento das taxas.

A conscientização contínua sobre o suicídio é fundamental para criar uma sociedade mais compassiva e solidária, onde as pessoas em risco se sintam à vontade para procurar ajuda e onde os estigmas relacionados à saúde mental sejam combatidos. Ao promover um diálogo aberto e fornecer recursos, podemos contribuir para a prevenção do suicídio e o bem-estar emocional de nossa comunidade.

Na Mão do Amor sempre batemos na tecla de que a saúde, seja ela mental ou física, é uma construção que começa na infância. Claro que nunca é tarde para realizarmos mudanças positivas em nossas vidas, por isso expor os sentimentos de angústia e desesperança é algo que deve ser feito sempre, sem tabus e preconceitos.

Por isso, ao perceber ideações suicidas, mesmo que passageiras, leve a sério, converse e se precisar não deixe de ligar para o Centro de Valorização da Vida no telefone 188, disponível 24h. Veja mais informações no site deles. Nenhum problema é tão grande que não possa ser resolvido. Não estamos sozinhos.

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