Dispositivos Auxiliares de Marcha (DAM)

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Dispositivos Auxiliares de Marcha (DAM)

Atualizado em 11 de novembro de 2021.

As quedas são a principal causa de lesões, hospitalização e perda de independência funcional entre os idosos acima de 65 anos. Este alto número alerta para a importância do uso adequado dos dispositivos auxiliares de marcha (DAM), que são as bengalas, andadores e muletas.

Desde a antiguidade há registros do uso de bastão para a locomoção de deficientes físicos, como o patriarca bíblico Isaac e Tirésias, o profeta. Com o passar dos anos, estes dispositivos receberam ajustes e adaptações para que ofereçam mais conforto e segurança aos usuários.

De uma forma geral os auxiliares de marcha são indicados para:

  • Reduzir a carga nas estruturas da parte inferior do corpo inflamadas ou traumatizadas;
  • Melhorar o equilíbrio;
  • Dar mais firmeza à passada;
  • Reduzir as dores.

Os dispositivos auxiliares de marcha são usados com frequência por idosos ou pessoas afetadas por problemas nos ossos e articulações, como fraturas e artrose.

Eles são usados para fornecer maior liberdade de movimento e independência enquanto ajudam no equilíbrio. Além disso, a carga nas articulações dos membros inferiores pode ser reduzida, aliviando as dores articulares e compensando fraquezas ou lesões.

Apesar dos DAM’s visarem a melhoria da independência funcional, o equilíbrio e a redução dos efeitos de deficiências, a maioria dos portadores não é instruída sobre seu uso correto e muitas vezes utilizam modelos inadequados, danificados ou com altura inapropriada.

Conheça melhor cada um dos dispositivos auxiliares de marcha

BENGALAS

A principal função das bengalas é aumentar a base de apoio, melhorando assim o equilíbrio. Sua utilização se dá na mão oposta ao membro afetado, a fim de diminuir a sobrecarga na musculatura do quadril. As bengalas podem “absorver” cerca de 20% a 25% do peso do corpo, diminuindo a compressão das articulações e favorecendo o paciente em situações como subir e descer escadas.

Bengalas ajudam a redistribuir o peso de um membro inferior fraco ou doloroso. Além disso, aumentam a base de suporte e fornecem informação tátil ao usuário a respeito do piso para que este aumente o equilíbrio. Confira os detalhes de cada tipo de bengala:

BENGALA TRADICIONAL OU STANDARD

A bengala tradicional ou bengala reta é geralmente feita de madeira ou alumínio, sendo de custo menor e leve. As bengalas de madeira devem ser feitas conforme o tamanho do paciente, já as de alumínio são em geral ajustáveis.

BENGALA COM DOBRA OU OFFSET

Estas bengalas são feitas de alumínio e com comprimento ajustável. Em geral, são melhores do que as bengalas tradicionais para pacientes que precisam apoiar o peso do corpo na bengala, por exemplo em pacientes com artrose do quadril e joelho.

BENGALA MÚLTIPLOS APOIOS

Bengalas com múltiplos apoios (três ou quatro) aumentam a base de suporte e permitem uma descarga de peso maior. Outra vantagem é que estas bengalas ficam em pé sozinhas quando não utilizadas, o que libera as mãos para outras funções. A principal desvantagem é a necessidade de todos os apoios tocarem o chão simultaneamente, e isto pode ser difícil ou impossível para algumas pessoas, especialmente aquelas que caminham mais rápido.

TIPOS DE CABOS DE BENGALA

A bengala tradicional tem um cabo em formato de cabo de guarda-chuva, o que pode aumentar o risco ou os sintomas de síndrome do túnel do carpo. Um cabo mais plano distribui melhor a pressão nos músculos da mão. Sulcos para o polegar e outros dedos podem ser úteis. Cabos com pegas de metal devem ser usados com precaução pelo risco de escorregar no caso de transpiração excessiva.

ANDADORES

Os andadores são indicados e prescritos para qualquer pessoa com dificuldades de locomoção, seja temporária ou permanente. O andador funciona como um apoio para aqueles que perderam força e equilíbrio, permitindo um andar de forma mais firme.

Feitos em alumínio tubular, os andadores de idosos precisam ser leves e estáveis o bastante para dar a segurança que o usuário precisa. Costumam ter de 80 a 90 cm de altura, sendo indicados para pessoas de 1,50m até 1,90m. Existem três tipos de andadores de idosos, que diferem principalmente na questão dos apoios:

ANDADOR FIXO

Modelo com quatro apoios de borracha, indicado para pessoas com fraqueza nas pernas, mas que mantém a força nos membros superiores, já que o equipamento precisa ser levantado e colocado à frente a cada passo.

Exige um maior gasto de energia e permite uma marcha mais lenta, porém, seu preço é mais acessível.

ANDADOR DUAS RODAS DIANTEIRAS

Modelo híbrido, conta com duas rodas na frente e duas ponteiras de borracha fixas nos apoios de trás. Mais prático pois não é necessário erguer o equipamento para caminhar, permitindo acelerar mais os passos.

ANDADOR QUATRO RODAS

Apresenta rodas em todos os apoios, que podem ser fixas ou giratórias. Permite uma marcha mais rápida, mas não é indicado para pacientes que precisam de segurança, já que existe o risco de perder o controle sobre o equipamento.

Apesar de ser uma importante ferramenta de autonomia, os andadores para idosos requerem atenção quando falamos de segurança.

COMO ESCOLHER O ANDADOR IDEAL?

Apesar de terem estruturas bem semelhantes, inclusive no tipo de material, os andadores podem ter algumas diferenças importantes.

Conheça os principais pontos que devem ser levados em consideração na escolha de um modelo:

  • É o estado físico do paciente que define o melhor andador. Leve este ponto em consideração antes da compra;
  • Prefira modelos com regulagem ergonômica de altura, que garantem mais estabilidade de acordo com o terreno e a altura do paciente;
  • Observe o peso suportado pelo andador, que normalmente é de até 130 kg;
  • Atente se o andador é dobrável, o que facilita o deslocamento em porta-malas de carros e viagens de ônibus, por exemplo;
  • Siga sempre as orientações médicas e de profissionais de lojas especializadas;
  • Se necessário, procure um fisioterapeuta que possa auxiliar nos primeiros passos com o este aparelho.

MULETAS

Menos comuns de serem usadas por idosos, as muletas são úteis para indivíduos que necessitam usar seus membros superiores para sustentação de peso e propulsão. Essa transferência de peso para os membros superiores permite a deambulação funcional e, ao mesmo tempo, mantém uma situação de sustentação de peso restrita. Em geral, são utilizadas bilateralmente.

Muletas são úteis para os pacientes que necessitam usar seus braços para apoio e propulsão, e não somente para equilíbrio. Dependendo da maneira usada, as muletas podem retirar a carga de ambos os membros inferiores ou de um, em variadas quantidades. Entretanto, muletas requerem um substancial gasto de energia e força no braço e no ombro, sendo geralmente difíceis de serem usadas por idosos mais fracos. As muletas são classificadas em axilares e de antebraço (ou muletas canadenses).

MULETAS AUXILIARES

Muletas axilares são geralmente baratas e propiciam andar sem apoio nos membros inferiores, porém são geralmente incômodas e difíceis de usar. O apoio incorreto destas muletas na axila pode causar compressões nervosas ou de vasos.

MULETAS CANADENSES OU “DE ANTEBRAÇO”

Este modelo proporciona a retirada do apoio do membro inferior afetado. As muletas canadenses possuem uma espécie de “algema” que permite que a mão fique livre sem retirar a muleta do antebraço. Estas muletas são geralmente menos incômodas que as axilares.

Os riscos das bengalas, andadores e muletas

Nenhum dispositivo será o ideal para todas as situações. A seleção do dispositivo mais adequado depende da força do paciente, resistência, equilíbrio, função mental e questões do local onde o indivíduo se movimenta. As características das doenças afetando os membros inferiores ou superiores frequentemente determinam qual o melhor dispositivo.

A decisão de utilizar um dispositivo auxiliar de marcha deve ser pautada juntamente com um parecer profissional, como ortopedistas, neurologistas, osteopatas e fisioterapeutas.

Somente um profissional pode fazer um acompanhamento para avaliar o uso adequado e as condições do aparelho. O uso inadequado destes dispositivos pode ser prejudicial. Muitos pacientes param de usar seus dispositivos precocemente devido à falta de orientação e acompanhamento.

Ao mesmo tempo em que auxiliam a locomoção, os DAM’s podem aumentar o risco de quedas e lesões em idosos, especialmente se o modelo usado não estiver de acordo com as reais necessidades.

Outro risco refere-se ao estresse repetitivo nas articulações dos membros superiores, podendo causar lesões nos tendões, osteoartrose e síndromes de compressão nervosa e vascular.

Cuidados com o uso e locomoção

Os DAM’s são uma importante ferramenta de autonomia, mas requer atenção durante o uso. O ideal é que os ambientes da casa sejam pensados levando em conta o uso do aparelho.

Atenção a estes detalhes, que por descuido, podem causar acidentes:

  • Evite tapetes no chão;
  • As portas e corredores devem ser largos;
  • Mantenha móveis e objetos encostados na parede;
  • Cuide para que os pisos não sejam escorregadios;
  • Preste atenção caso existam crianças pequenas ou pets em casa;
  • Libere o caminho onde o usuário vai passar com o andador;
  • Remova obstáculos como fios e cabos;
  • O cuidado deve ser redobrado quando usado em rampas e terrenos inclinados;
  • Não use andador para subir ou descer escadas.

Caso você conviva com um idoso que faz uso de um DAM, seja paciente e acompanhe a velocidade dele. É ele que dita o ritmo da caminhada. Procure se posicionar sempre atrás do paciente, pois assim você deixa o caminho livre e ainda pode segurá-lo em caso de quedas.

Aspectos Psicológicos

Para muitos idosos, iniciar o uso de um DAM também significa um divisor de águas. É neste momento que a pessoa define que passará a depender de um dispositivo para suprir uma deficiência física, muitas vezes irreversível e progressiva.

Muitos expressam dificuldade de aparecer em público ou encontrar conhecidos, envergonhados que possam vê-los numa situação que demonstra fragilidade e debilitação.

É comum notarmos uma maior reclusão somados a momentos de depressão e agressividade, principalmente nos estágios iniciais, onde há necessidade de adaptação física e psicológica para o uso do dispositivo.

Neste momento, é crucial o apoio de familiares e amigos, mostrando que os DAM’s são ótimos auxiliares de locomoção e um importante instrumento para maior autonomia do idoso.

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