Os desafios da Doença de Parkinson
Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, ficando atrás apenas da Doença de Alzheimer. No mundo, afeta mais de 6,3 milhões de pessoas e no nosso país, apesar de incrivelmente não possuirmos dados oficiais, estima-se que a doença atinja mais de 200 mil brasileiros. Apesar de afetar tanto homens como mulheres, é um pouco mais comum entre os homens.
Com o aumento da população idosa no Brasil e no mundo, cresce também a incidência do distúrbio que vem se apresentando desafiador para a comunidade científica.
Em todo o mundo, existem atualmente mais de 800 estudos clínicos sobre a doença e mais de 150 novos remédios em teste. Avanços sensíveis no tratamento e no diagnóstico estão ocorrendo, o que traz grande esperança de que novas descobertas tragam alívio para os portadores do mal com o avanço da ciência em direção à cura.
Como age a doença de Parkinson?
A doença de Parkinson é progressiva e tem a sua origem na morte dos neurônios da área do cérebro conhecida como substância negra, que é responsável pela produção da dopamina.
A dopamina é um importante neurotransmissor que atua em várias partes do cérebro e influencia diretamente no aprendizado, emoções, humor e no controle do sistema motor. A falta de dopamina faz com que os sinais nervosos não sejam transmitidos corretamente entre os neurônios.
Quais são os sintomas da Doença de Parkinson?
Apesar dos tremores característicos serem os primeiros que vem à mente, existem muitos outros. A doença é difícil de diagnosticar, já que o diagnóstico é clínico e os sintomas iniciais sutis e são em grande parte confundidos com características comuns ao envelhecimento. Veja os sintomas:
- Tremores;
- Movimentos lentos;
- Rigidez;
- Dores no corpo;
- Sono agitado com movimentos excessivos;
- Alteração na marcha;
- Dificuldade em identificar odores;
- Mudanças na escrita, tornando-se menor;
- Problemas para caminhar;
- Rosto rígido, sem emoção;
- Tonturas e desmaios;
- Postura curvada.
Os desafios e a importância do diagnóstico precoce
A doença é majoritariamente diagnosticada por evidências clínicas, implicando que muitas vezes o Parkinson já está relativamente em curso quando diagnosticado.
Quando ainda se fala em controle e não em cura do Parkinson, diagnosticar precocemente pode fazer toda a diferença no andamento da doença. Por isso é importante visitar um neurologista assim que um ou mais sintomas acima descritos aparecerem para uma avaliação neurológica. Exames complementares como ressonância magnética e tomografia computadorizada podem ser aliadas a exames laboratoriais em caso de dúvidas.
Médico brasileiro é responsável por pesquisa envolvendo inteligência artificial e diagnóstico precoce
Bruno Fonseca é mestre em Ciências da Saúde e Biológicas e encabeça um inovador estudo que usa e compara a base de dados públicos de milhares de eletroencefalogramas de pessoas com a Doença de Parkinson e de indivíduos sem a doença.
O estudo que utiliza inteligência artificial para identificar biomarcadores é muito promissora e foi capaz de identificar portadores de Parkinson em mais de 89% dos casos. Veja nas palavras de Bruno:
“Isso é algo importante, uma vez que esse tipo de sintoma se apresenta quando a doença já se encontra num estágio avançado. No momento, o grupo de pesquisa busca novas técnicas que possam obter uma melhora no sistema proposto, utilizando novas ferramentas matemáticas e novos modelos de IA para extrair características dos sinais”.
Como é o tratamento da Doença de Parkinson e os novos avanços da ciência
Ainda incurável, o combate à doença é focado no controle dos sintomas.
A doença é dividida em 5 estágios, onde os sintomas vão se agravando. No 5º estágio existe a dependência de auxílio 24 horas.
Existem uma gama de medicamentos que são capazes de minimizar os sintomas clínicos que aliados a fisioterapia, fonoaudiologia e apoio psicológico visam retardar a progressão e manter o parkinsoniano ativo.
Boa parte dos pacientes reage bem aos medicamentos, mas em muitos casos a eficácia vai diminuindo com o tempo.
A cirurgia de estimulação cerebral profunda
Para casos resistentes aos medicamentos, a cirurgia de estimulação cerebral profunda pode trazer grande alívio. Funcionando como um marca-passo cerebral, eletrodos estimulam áreas responsáveis pelos movimentos, diminuindo muito os sintomas motores e não motores.
A terapia genética contra o Parkinson
Ainda em fase de estudos, mas muito promissora, a terapia genética é uma das grandes esperanças para o tratamento da doença. Com uma série de pesquisas em fase final de desenvolvimento, a proposta é autorregular a produção de dopamina no cérebro. Isso poderia acabar com a necessidade de terapia com medicamentos e seria considerada a cura da Doença de Parkinson.
A nova fronteira do canabidiol
Polêmica por natureza, o uso da substância retirada da maconha é alvo de diversos estudos. Um deles é coordenado por José Alexandre Crippa, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). O CDB possui propriedades antipsicóticas, anti compulsivas, antidepressivas e ansiolíticas.
No estudo foi relatado a melhora em todos os quesitos do Parkinson Disease Questionnaire–39 (PDQ-39), método de avaliação da qualidade de vida e de sensação de bem-estar do paciente com Parkinson.
Quando podemos esperar uma cura para o Parkinson?
Atualmente é difícil falar em cura, mas novos e melhores tratamentos estão sendo desenvolvidos e talvez a cura para a doença possa ser contada em anos e não em décadas.
Muitos progressos estão sendo feitos e novos tratamentos que têm o potencial de desacelerar, parar e até mesmo reverter a doença, estão em fase de testes clínicos.
Ao mesmo tempo, uma nova geração de medicamentos que tratam os sintomas como a discinesia (os tremores involuntários) e as alucinações prometem melhorar a qualidade de vida das pessoas com Parkinson.
Então mesmo que a cura esteja a uma década de distância, podemos ter certeza que até lá, a vida do parkinsoniano será mais tranquila e saudável.
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