Andropausa na terceira idade: o que muda na vida dos homens após os 60 anos
A palavra “andropausa” ainda gera dúvidas, brincadeiras e resistência. Mas, por trás do termo, existe um tema sério: as mudanças hormonais que acontecem no corpo do homem com o passar do tempo, especialmente depois dos 60 anos, e que podem afetar saúde física, emocional, sexual e qualidade de vida.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o cuidado contínuo com a saúde masculina é fundamental para prevenir doenças comuns nessa fase da vida, incluindo as relacionadas à próstata. A chamada andropausa, também conhecida como hipogonadismo masculino tardio, é descrita nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que explica como a queda gradual da testosterona interfere na disposição, no humor, na sexualidade e na vitalidade dos homens mais velhos.
Diferente da menopausa, que costuma trazer mudanças rápidas e marcadas, a andropausa não é um “apagão hormonal”. É uma mudança lenta e progressiva nos níveis de testosterona, que varia muito de homem para homem, e nem sempre produz sintomas evidentes. Neste artigo, explicamos em detalhes o que é a andropausa, seus sinais e efeitos em homens acima de 60 anos, como identificar sintomas importantes, quando procurar ajuda e qual o papel da família nesse processo.
O que é andropausa
O termo médico mais preciso é hipogonadismo masculino de início tardio. Ele ocorre quando há queda dos níveis de testosterona associada a sintomas físicos, sexuais, emocionais ou cognitivos. A testosterona desempenha papéis fundamentais no corpo, e a diminuição gradual desse hormônio pode se manifestar de formas diferentes em cada homem. Nem toda queda hormonal provoca sintomas, e nem todo sintoma é causado por andropausa. Por isso, o diagnóstico é sempre clínico e laboratorial.
Por que a testosterona cai
Com o envelhecimento, é normal que a produção de testosterona diminua. Fatores como obesidade, diabetes tipo 2, sedentarismo, alimentação inadequada, tabagismo e álcool aceleram essa queda. Doenças crônicas, alguns medicamentos e distúrbios do sono também influenciam. Essa soma de fatores explica por que homens da mesma idade podem ter experiências completamente diferentes.
Impactos físicos em homens com 60+
A queda de testosterona pode ampliar dificuldades já comuns na terceira idade. Muitos homens relatam cansaço persistente, sensação de “peso” para tarefas simples e menor tolerância ao esforço. A perda de massa muscular também é frequente, somando-se à sarcopenia natural do envelhecimento. Isso aumenta o risco de quedas, perda de força e redução da independência. Outra consequência é o aumento da gordura abdominal, que está relacionado a alterações metabólicas, resistência à insulina, diabetes e doenças cardiovasculares. Para aprofundar esse ponto, temos um conteúdo sobre obesidade em idosos, que se conecta diretamente a essas mudanças hormonais e metabólicas.
Impactos emocionais e de saúde mental
As alterações hormonais também podem influenciar o humor. Irritabilidade, impaciência, desânimo e perda de motivação são queixas frequentes. Em alguns casos, surgem sintomas depressivos como tristeza persistente, isolamento social e falta de interesse em atividades antes prazerosas. A saúde mental na terceira idade é multifatorial, como abordamos no artigo sobre saúde mental dos idosos. O silêncio emocional masculino, construído ao longo de décadas, costuma agravar esses sintomas, já que muitos homens evitam pedir ajuda.
Impactos na sexualidade
A sexualidade continua presente na vida após os 60, mas a andropausa pode influenciar desejo, desempenho e autoestima. A queda da libido é um dos sinais mais relatados. A ereção também pode ser afetada, não só por hormônios, mas por fatores vasculares, diabetes, hipertensão, estresse e medicamentos. Muitos homens evitam intimidade por medo de “falhar”, gerando distanciamento afetivo e conflitos no relacionamento. É essencial que o casal converse sem julgamentos.
Impactos cognitivos
Alguns homens notam dificuldades de concentração, lapsos de memória e sensação de “mente cansada”. Isso pode estar ligado a alterações hormonais, mas também a problemas de sono, estresse, uso de remédios ou início de comprometimento cognitivo leve. Não é correto atribuir tudo à andropausa. Qualquer mudança cognitiva merece avaliação.
Identidade masculina e vida social
Esse é um dos pontos mais sensíveis. Muitos homens foram ensinados que não devem demonstrar fragilidade, pedir ajuda ou falar sobre saúde. Com as mudanças físicas, emocionais e sexuais, alguns sentem vergonha, se fecham e evitam médicos. Esse comportamento atrasa o diagnóstico e aumenta o sofrimento. Para entender o que faz parte do envelhecimento natural e o que precisa de atenção, vale conhecer nosso texto sobre senescência e senilidade.
Sinais que merecem atenção
Alguns sinais que podem sugerir andropausa incluem: cansaço anormal, perda de massa muscular, aumento da gordura abdominal, queda do desejo sexual, piora da ereção, alterações de humor, irritabilidade, tristeza, sono ruim e prejuízos de concentração. O importante é observar o conjunto das mudanças.
Como é feito o diagnóstico
A avaliação deve ser feita por urologista, endocrinologista ou geriatra. O diagnóstico inclui análise dos sintomas, exame físico, exames de sangue (testosterona total e, às vezes, livre) e investigação de outras causas possíveis. Não basta olhar apenas o nível de testosterona: a avaliação é conjunta.
Tratamento
O tratamento depende da causa e dos sintomas. Pode envolver mudanças de estilo de vida, tratamento de doenças associadas e, em alguns casos, terapia de reposição hormonal. A reposição deve ser sempre orientada por médico, pois há contraindicações e riscos. Automedicação com testosterona é perigosa e nunca recomendada.
O papel da família
A forma como a família reage faz grande diferença. O ideal é acolher as queixas do idoso, evitar piadas, incentivar consultas, ajudar na organização da rotina de cuidados e criar um ambiente em que ele possa falar sobre saúde, corpo e sexualidade sem medo de julgamento. O pior caminho é o silêncio, a ridicularização ou normalizar o sofrimento como se fosse “coisa da idade”.
Quando procurar ajuda
É importante buscar atendimento quando os sintomas afetam a qualidade de vida, quando há mudanças importantes no humor, quando a vida sexual se torna motivo de sofrimento ou quando o idoso apresenta sinais de isolamento, tristeza profunda ou perda de autonomia. Cuidar adequadamente pode transformar completamente o bem-estar e a autoestima do homem com 60+.
Como a Mão do Amor pode ajudar
A andropausa é apenas uma das mudanças que aparecem na vida do homem idoso. Com apoio profissional, fica mais fácil acompanhar consultas, organizar exames, incentivar hábitos saudáveis e garantir que o idoso tenha acolhimento, rotina e segurança. Cuidar de quem você ama é também permitir que ele viva essa fase com dignidade, autonomia e qualidade de vida.












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